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Comerciantes e moradores se queixam de falta de policiamento; OUTRO LADO: gestão Tarcísio diz que ‘patrulhamento é realizado de forma dinâmica’
A noite na rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, é de dar medo. São trechos escuros, com raras pessoas caminhando de um lado para o outro de forma apressada e quase nenhum veículo passando pela via. Quanto ao policiamento, é diferente do observado durante o dia, quando policiais militares e guardas civis podem ser vistos em meio a um formigueiro de gente.
A junção de tais fatores, além da proximidade com a cracolândia, pode estar contribuindo para uma prática que tem assustado comerciantes da região: os saques.
No episódio mais recente, na última semana, bem como em novembro passado, as ações dos criminosos —registradas por câmeras de segurança— ocorreram entre o final da noite e a madrugada, quando a Polícia Militar e a GCM (Guarda Civil Municipal) somem da rua, dando lugar a vigilantes informais, contratados por comerciantes em busca de proteção.
Questionada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que o “patrulhamento é realizado de forma dinâmica e de acordo com a necessidade do policiamento ostensivo na região, sendo constantemente reorientado com base no mapeamento realizado com base nos índices criminais no local”.
Ainda segundo o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), a região é monitorada com rondas diurnas e noturnas e há previsão de um reforço de 2.000 policiais para atuar na região central.
Também procurada, a Prefeitura de São Paulo afirmou que “políticas públicas de segurança são de responsabilidade da Secretaria Estadual da Segurança Pública”. A gestão Ricardo Nunes (MDB) acrescentou, contudo, que a GCM conta com 1.600 guardas, 97 viaturas e 158 motos, que realizam rondas periódicas 24 horas por dia na região.
À tarde, com todas as lojas abertas e intensa movimentação de pessoas, uma viatura da PM estava estacionada sobre a calçada na rua dos Gusmões, a poucos metros do cruzamento com a Santa Ifigênia. Também havia três policiais militares parados na esquina das ruas Aurora e Santa Ifigênia, de onde era possível avistar o prédio da 1ª Delegacia Seccional Centro, sede também do 3° DP (Campos Elíseos), responsável pela investigação dos crimes ocorridos na região.
Outros seis PMs caminhavam pela Santa Ifigênia no trecho entre as ruas Aurora e Timbiras, sempre em trios. Motos e carros da GCM e viaturas da PM também transitaram pela via enquanto a reportagem conversava com comerciantes e moradores, durante cerca de uma hora.
À noite, presenciou apenas uma viatura da PM trafegando pela rua Santa Ifigênia, e o veículo estava todo apagado. No intervalo de aproximadamente 40 minutos em que a reportagem esteve na região, nenhum outro policial foi visto.
A presença constante das forças segurança durante o dia e sua ausência quando a noite cai não é novidade para quem vive ou trabalha por ali.
“Não tem policiamento à noite. De dia tem para aparecer para a mídia. À noite não tem, é um ou outro. Quando tem roubo a polícia fica para aparecer no jornal”, disse a vendedora Maria Almeida, 31, que é também moradora da região.
A comerciante Maria Claudia, 55, arrumava sua loja de produtos para iluminação quando atendeu rapidamente a reportagem. Ela foi direta sobre ser lojista no bairro: “A cabeça fica a mil, achando toda hora que vão entrar [na loja]. Durante o dia tem bastante [policiamento], à noite diminui”.
Para ela, mesmo com alarme e segurança paga, o perigo de invasão é constante. E o ideal para evitar novos saques, opina, seria remover os usuários de drogas das proximidades da Santa Ifigênia.
Vítima do saque da madrugada do último sábado (27), que lhe rendeu um prejuízo avaliado em R$ 300 mil, o comerciante José Paulo Souza, 64, estava na tarde desta terça em meio a caixas reviradas em sua loja Portal das Câmeras. Junto a ele estava o presidente da União Comercial de São Paulo, Joseph Hanna Riachi.
“A solução, na minha visão, não está na quantidade de polícia. Precisa de polícia com autonomia e autoridade. Não adianta só colocar mais [policiais]”, disse Riachi.
Presente na rua Santa Ifigênia desde 1965, o comerciante Stefano Assaid afirma que os saques nunca foram comuns na região. E também criticou a falta de policiamento no período noturno.
“No cair da noite somem tudo. Derrete. É torcer.”
Quando a luz do sol se vai, o que se vê é uma rua vazia. Entre um pedestre e outro é possível também observar usuários de drogas cortando a Santa Ifigênia em direção à rua dos Protestantes, a uma distância de três quadras, ponto no qual se concentram atualmente.
São os vigilantes informais que então passam a fazer a segurança da rua comercial. Na noite de terça, dois homens trabalhavam. Um deles na esquina da rua dos Gusmões, outro no cruzamento com a rua Aurora. Perto dali, na esquina com a General Osório, uma cadeira vazia aguardava a chegada de seu segurança amarrada a um poste, protegida contra roubo.
Com tudo fechado ao redor, o ambulante Antônio Marcio, 42, era o único a vender algo na rua Santa Ifigênia por volta das 20h. Ele atendia três homens que ouviam música sentados na soleira de uma loja. De acordo com Marcio, o horário é propício para evitar ações do rapa, como são chamados os agentes da fiscalização contra o comércio informal.
“A polícia na Santa Ifigênia serve só para pegar trabalhador”, disse o cozinheiro Marcos Silva, 49, que comprava bebida do ambulante e mora no local.
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Comerciantes e moradores se queixam de falta de policiamento; OUTRO LADO: gestão Tarcísio diz que ‘patrulhamento é realizado de forma dinâmica’
A noite na rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, é de dar medo. São trechos escuros, com raras pessoas caminhando de um lado para o outro de forma apressada e quase nenhum veículo passando pela via. Quanto ao policiamento, é diferente do observado durante o dia, quando policiais militares e guardas civis podem ser vistos em meio a um formigueiro de gente.
A junção de tais fatores, além da proximidade com a cracolândia, pode estar contribuindo para uma prática que tem assustado comerciantes da região: os saques.
No episódio mais recente, na última semana, bem como em novembro passado, as ações dos criminosos —registradas por câmeras de segurança— ocorreram entre o final da noite e a madrugada, quando a Polícia Militar e a GCM (Guarda Civil Municipal) somem da rua, dando lugar a vigilantes informais, contratados por comerciantes em busca de proteção.
Questionada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que o “patrulhamento é realizado de forma dinâmica e de acordo com a necessidade do policiamento ostensivo na região, sendo constantemente reorientado com base no mapeamento realizado com base nos índices criminais no local”.
Ainda segundo o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), a região é monitorada com rondas diurnas e noturnas e há previsão de um reforço de 2.000 policiais para atuar na região central.
Também procurada, a Prefeitura de São Paulo afirmou que “políticas públicas de segurança são de responsabilidade da Secretaria Estadual da Segurança Pública”. A gestão Ricardo Nunes (MDB) acrescentou, contudo, que a GCM conta com 1.600 guardas, 97 viaturas e 158 motos, que realizam rondas periódicas 24 horas por dia na região.
À tarde, com todas as lojas abertas e intensa movimentação de pessoas, uma viatura da PM estava estacionada sobre a calçada na rua dos Gusmões, a poucos metros do cruzamento com a Santa Ifigênia. Também havia três policiais militares parados na esquina das ruas Aurora e Santa Ifigênia, de onde era possível avistar o prédio da 1ª Delegacia Seccional Centro, sede também do 3° DP (Campos Elíseos), responsável pela investigação dos crimes ocorridos na região.
Outros seis PMs caminhavam pela Santa Ifigênia no trecho entre as ruas Aurora e Timbiras, sempre em trios. Motos e carros da GCM e viaturas da PM também transitaram pela via enquanto a reportagem conversava com comerciantes e moradores, durante cerca de uma hora.
À noite, presenciou apenas uma viatura da PM trafegando pela rua Santa Ifigênia, e o veículo estava todo apagado. No intervalo de aproximadamente 40 minutos em que a reportagem esteve na região, nenhum outro policial foi visto.
A presença constante das forças segurança durante o dia e sua ausência quando a noite cai não é novidade para quem vive ou trabalha por ali.
“Não tem policiamento à noite. De dia tem para aparecer para a mídia. À noite não tem, é um ou outro. Quando tem roubo a polícia fica para aparecer no jornal”, disse a vendedora Maria Almeida, 31, que é também moradora da região.
A comerciante Maria Claudia, 55, arrumava sua loja de produtos para iluminação quando atendeu rapidamente a reportagem. Ela foi direta sobre ser lojista no bairro: “A cabeça fica a mil, achando toda hora que vão entrar [na loja]. Durante o dia tem bastante [policiamento], à noite diminui”.
Para ela, mesmo com alarme e segurança paga, o perigo de invasão é constante. E o ideal para evitar novos saques, opina, seria remover os usuários de drogas das proximidades da Santa Ifigênia.
Vítima do saque da madrugada do último sábado (27), que lhe rendeu um prejuízo avaliado em R$ 300 mil, o comerciante José Paulo Souza, 64, estava na tarde desta terça em meio a caixas reviradas em sua loja Portal das Câmeras. Junto a ele estava o presidente da União Comercial de São Paulo, Joseph Hanna Riachi.
“A solução, na minha visão, não está na quantidade de polícia. Precisa de polícia com autonomia e autoridade. Não adianta só colocar mais [policiais]”, disse Riachi.
Presente na rua Santa Ifigênia desde 1965, o comerciante Stefano Assaid afirma que os saques nunca foram comuns na região. E também criticou a falta de policiamento no período noturno.
“No cair da noite somem tudo. Derrete. É torcer.”
Quando a luz do sol se vai, o que se vê é uma rua vazia. Entre um pedestre e outro é possível também observar usuários de drogas cortando a Santa Ifigênia em direção à rua dos Protestantes, a uma distância de três quadras, ponto no qual se concentram atualmente.
São os vigilantes informais que então passam a fazer a segurança da rua comercial. Na noite de terça, dois homens trabalhavam. Um deles na esquina da rua dos Gusmões, outro no cruzamento com a rua Aurora. Perto dali, na esquina com a General Osório, uma cadeira vazia aguardava a chegada de seu segurança amarrada a um poste, protegida contra roubo.
Com tudo fechado ao redor, o ambulante Antônio Marcio, 42, era o único a vender algo na rua Santa Ifigênia por volta das 20h. Ele atendia três homens que ouviam música sentados na soleira de uma loja. De acordo com Marcio, o horário é propício para evitar ações do rapa, como são chamados os agentes da fiscalização contra o comércio informal.
“A polícia na Santa Ifigênia serve só para pegar trabalhador”, disse o cozinheiro Marcos Silva, 49, que comprava bebida do ambulante e mora no local.
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